domingo, 20 de abril de 2008

Reitoria da UFS x Democracia: Uma incansável batalha...

Democracia vem libertar esse povo brasileiro,
democracia (vem libertar, vem libertar).(Aqui tu existe mas) nunca saiste do papel(Aqui tu existe) porém ninguém nunca te viu(Aqui tu existe mas) nunca saiste do papel(Aqui tu existe mas) onde estás?, onde estás?
Prisioneira [...]"
(Edson Gomes – Linda
)

Estamos acostumados a dizer que vivemos numa democracia. A denominação, inclusive, da nossa forma de organização na modernidade é Estado democrático de direito. As eleições acontecem de dois em dois anos e exercemos o poder do voto. Podemos nos queixar da democracia? Isso quando não somos alertados com certas colocações: "vocês deviam ver como era na ditadura..." .

Mas a democracia vai além do voto, dos nomes e dos livros. Ela se materializa e a prática nos mostra outros detalhes. Por sinal, bem diferentes do que propagamos aos sete ventos. Esta semana tivemos mais um exemplo de sua real eficácia e de sua distorção enquanto conceito a ser passado do papel para a ação.

Todo santo início de período letivo é preparada uma recepção para os que chegam. Conhecemos essa atividade como calourada. Dessa vez, a administração da UFS propôs a construção coletiva da calourada UFS 2008. Coletivamente, no sentido de trabalhar em conjunto com os estudantes e suas entidades representativas (CA's, DA's, AAU, Conselho de Residentes e DCE). Até então uma atitude louvável e que mostra uma nova capacidade de diálogo entre estudantes e administração.

A questão é: aconteceram quatro reuniões para definir o conteúdo de forma democrática. De repente, e não mais que de repente, a programação foi alterada pela reitoria sem a consulta dos estudantes que vinham caminhando juntos nesse processo. Duas perguntas básicas, na mente surgiram: 1)Para que serviram as quatro reuniões se tudo seria mudado depois unilateralmente? 2)Qual o conceito de coletividade da atual administração da UFS?

Refletindo mais amplamente sobre esse processo e contextualizando essa atual gestão dentro de um resgate histórico de suas ações, como interiorização do campus sem debate, universidade aberta/ensino à distância sem debate, falta de comprometimento com a não privatização do HU (igualmente sem debate) e mais recentemente, o REUNI aprovado nas férias – e nem precisa dizer que faltou debate, concluímos facilmente que essa tentativa não passou de mais um engodo democrático a fim de aproximar estudantes com falsos discursos. O bom e velho democratismo. ..

Mas não estamos a ver navios e plataformas na praia de Atalaia. A goleada aplicada na democracia não contenta muitos estudantes. A batalha certamente é longa. Fácil, sem dúvidas, também não será. Mas há quem contrarie essa lógica de democracia e pensa que a organização, a resistência e a luta pode ser um caminho para uma universidade de fato coletiva e democrática.

*Alexis Azevedo – Direito UFS
MRL - Movimento Resistência e Luta
Barricadas fecham ruas, porém abrem caminhos!

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