A expansão da universidade federal de Sergipe está em pleno andamento. É um processo nacional do qual não devemos nos abster da discussão. As questões centrais são, portanto, discutir o caráter dessa expansão e a forma como a mesma vem sendo conduzida. Destacam-se aí alguns aspectos: falta de amplos espaços de discussão sobre o processo, lembrando fatos como o ensino à distância e o REUNI - passados a rodo pela administração central – ausência de assistência estudantil que contemple as demandas mais urgentes considerando a permanência dos estudantes de origem popular, como a ausência de café da manhã no RESUN, não construção da casa de estudantes nos campis para os residentes e proibição de qualquer vínculo empregatício para quem está dentro do programa de assistência da universidade e tantos outros fatos que estão incluídos nesse processo como o próprio transtorno acadêmico com mudanças de horários, barulhos de obras durante as aulas e inchaço de turmas. A expansão deve acontecer. Mas com debate, com garantia da assistência estudantil e da qualidade acadêmica. Não adianta mostrar números ao MEC e à sociedade sergipana. O que está em jogo é a formação dos indivíduos ao longo do ensino superior. Realmente qualificada para uma intervenção na sociedade, que forneça bases para um pensamento crítico e questionador dos modelos vigentes ao passo que nos dê uma boa qualificação profissional.
Nesse sentido, as eleições para reitor vão na contramão do que deve ser a democracia na universidade e reforça a concepção da expansão no que toca à falta de discussão. Ainda mais porque estamos nesse processo expansionista é que precisamos de tempo para o debate. Dois pontos merecem atenção aqui: 1)menos de 30 dias desde a assembléia geral universitária (não divulgada pelo DCE) até a apuração e resultado do pleito. Qual a eleição de centro acadêmico, sindicato ou reitoria foi realizada em menos de trinta dias? Que pressa é essa? Lembrando que a votação já começa no próximo sábado (14/06)... 2)Quem administra a universidade não é o reitor, vice, pró-reitores, prefeito do campus, isto é, um grupo de pessoas que demonstram afinidade política e determinadas propostas? Por que, então, a escolha se resume ao reitor e vice? Com os professores, técnicos e estudantes é diferente. E temos o exemplo da última eleição para o DCE onde tivemos além de presidente e vice, tesoureiro, secretaria de esportes, secretaria de comunicação, etc. É ou não uma questão de transparência e democracia? Pesemos nesses dois pontos...
A eleição perde de imediato seus objetivos maiores. No lugar de um amplo processo de escolha da melhor plataforma política-educacional-administrativa para a UFS, através de grandes diálogos, envolvimento da comunidade acadêmica em cada etapa eleitoral, crescimento e aperfeiçoamento dos institutos democráticos e centralidade do debate em detrimento do voto, ocupa esse espaço uma concepção distorcida, como se esta fosse uma eleição qualquer, abrindo margem principalmente para o personalismo (Jonatas x Josué) esquecendo os projetos que estão por trás das candidaturas. Há que ressaltar ainda, que para nós, a eleição é apenas parte de um processo. Ela é um fato acontecido a cada quatro anos. E durante esses intervalos de tempo está o principal: o cotidiano de discussão e a implementação de ações que visem cumprir os seus objetivos de universidade pública, gratuita e de qualidade. As eleições não resolvem nossos problemas, por melhores que sejam as propostas. Há uma distância muito grande entre ser eleito e fazer uma boa gestão.
Os estudantes, dentro desse contexto, devem se inserir no processo eleitoral com vistas a contribuir com a superação dos problemas atuais da falta de democracia e transparência e mais: decidir sobre qual o projeto (que queremos) que os candidatos implementem à frente da administração da UFS. Somos mais de 14000 e nossa voz deve ter algum eco dentro da comunidade acadêmica. Para sermos propositivos, e não apenas críticos vazios, apresentamos algumas propostas colhidas no histórico de mobilização dos estudantes dentro da universidade, em especial da paralisação de três meses ocorrida em 2007, na qual conseguimos construir a base de um projeto de universidade com diretrizes mínimas. Segue abaixo o que propomos:
1)Assistência estudantil
*RESUN
- Melhorar a qualidade da comida.
- Abrir o RESUN no horário; os estudantes não podem escolher entre a comida e a aula!
- Contratar funcionários
- Instaurar o café da manhã
- Retirar a carne moída (boi ralado) e o fígado do cardápio.
*BICEN
- Ampliar o tamanho
- Renovar o arcevo: o pró-quali tem que funcionar!
*Moradia/Residência
- Construir urgentemente a casa dos estudantes nos três campis presenciais
- Permitir o vínculo empregatício para quem tem bolsa-residência
- Dar total apoio ao encontro nordestino de residentes que acontecerá na UFS esse ano.
*Transporte
- Compra de ônibus: 1 ônibus de grande porte é pouco para a UFS!
- Reavaliar os critérios de utilização do ônibus: 1 viagem anual por curso é pouco!
- Ampliar as linhas para o campus: chega de ser sardinha e refém da prefeitura municipal e dos empresários!
- Criar definitivamente a linha campus-zona norte ou campus-maracaju!
- Criar uma linha circular entre o HU e o campus São Cristóvão
- Discutir o transporte em Laranjeiras e Itabaiana urgentemente!
*Gerais
- Criação do posto de saúde nos campis em parceria com órgãos públicos
- Criação da creche universitária: as mães também devem estudar!
- Ampliar toda a estrutura universitária para os portadores de necessidades especiais
- Rever a finalidade e o preço da bolsa-trabalho: R$250,00 é pouco por mês!
- Fim das taxas cobradas na UFS (matrícula, diploma, trancamento, etc.) Não é gratuita?
- Que a UFS brigue pela volta da rubrica específica para assistência estudantil cortada no governo FHC e mantida no governo Lula.
2)Reforma universitária / REUNI
- Contra o REUNI: Realizar amplos espaços de debate sobre o REUNI e as normas acadêmicas – a comunidade acadêmica vai continuar sem ver debates sobre o tema?
- Rever a UAB/Ensino à distância como modalidade complementar de ensino e não como principal. Integrar esses estudantes no ensino presencial.
- Contra as fundações de apoio e os cursos pagos! Não é gratuita?
- Aumento no quadro de funcionários públicos: docentes e técnicos!
- Contra a Fundação Estatal de Direito Privado no HU. Não à privatização da saúde!
3)Democracia
- Amplos espaços de discussão sobre todos os temas relevantes à comunidade.
- Paridade nos conselhos: A ditadura acabou!
- Criação dos conselhos paritários de assistência estudantil e extensão: compromisso da reitoria que não se cumpriu até o momento...
- Eleições diretas e paritárias para os diretores em Itabaiana e Laranjeiras! Até quando as indicações permanecerão?
- Que a administração não interfira na organização e autonomia das categorias.
- Discutir a rádio UFS como meio de comunicação democrático da comunidade acadêmica e não como correio de transmissão da administração.
4)Gerais
- Debater o uso do espaço físico da vivência
- Garantir as cotas no seu acesso e permanência.
- Realizar a reforma estatutária da UFS. Chega de normas anacrônicas!
- Realizar uma ampla avaliação institucional democrática e transparente.
Movimento Resistência e Luta
Construindo o movimento estudantil e a UFS